Você já reparou no bocal azul-claro ao lado do tanque de diesel e se perguntou por que ele aparece em todos os caminhões Euro 5 e Euro 6? Pois bem: a conversa de hoje é sobre o arla combustível — ou melhor, sobre o líquido chamado ARLA 32.
Mesmo não sendo nem combustível nem lubrificante, ele virou item obrigatório para veículos pesados no Brasil e, se faltar, a potência cai e a multa chega.
Bora entender de uma vez esse agente que ajuda a manter seu motor dentro da lei (e a atmosfera mais limpa).
O que é arla combustível?
O “arla combustível” na verdade não é um combustível, apesar de ser conhecido assim por muitos. O nome “original” dele é Arla 32 e trata-se de um líquido específico para neutralizar as emissões nocivas de óxido de nitrogênio que veículos pesados produzem.
Arla é sigla para “Agente Redutor Líquido Automotivo” e 32 é referente à quantidade uréia presente na mistura do líquido (32,5 % de ureia técnica dissolvida em água desmineralizada).
Arla é combustível ou lubrificante?
Nem um, nem outro! O Arla 32 não entra no tanque de diesel nem serve para reduzir atrito. Ele é um reagente químico específico que age apenas dentro do sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva) para neutralizar o óxido de nitrogênio.
Colocar Arla no diesel (ou vice-versa) danifica bicos, filtros e ainda invalida a garantia de motor e catalisador.
Para que serve o “combustível arla”?
Em bom português, o Arla 32 funciona como um “detox” do escapamento.
Quando o motor solta os gases quentes, o sistema SCR borrifa Arla 32 lá dentro. O líquido reage na hora e quebra o óxido de nitrogênio (NOx) em vapor d’água e nitrogênio — dois componentes que já fazem parte do ar e não prejudicam ninguém.
Assim, até 98 % do NOx deixam de ir para a atmosfera.
Para você, isso se traduz em três ganhos práticos: conformidade ambiental garantida; potência integral do motor e bolso protegido contra multas.
Quais veículos usam Arla 32?
Em linhas gerais, todo motor a diesel que sai de fábrica com sistema SCR precisa de Arla 32. Se o motor atende às normas Euro 5 ou Euro 6, pode anotar: o tanque azul-claro está lá e deve ser abastecido com o combustível Arla 32.
Isso inclui veículos como:
- Caminhões pesados e semipesados produzidos a partir de 2012 (linha Proconve P-7) até os modelos zero-km atuais.
- Ônibus urbanos e rodoviários Euro 5/Euro 6, onde o SCR é obrigatório para atender a legislação de transporte coletivo.
- Vans e picapes a diesel Euro 6 (categorias N1 e M1) que optam pelo SCR em vez do EGR puro.
- Máquinas agrícolas e fora-de-estrada (tratores, colheitadeiras, pás-carregadeiras) de estágio Tier 4 Final.
E os modelos mais antigos? Veículos Euro 3 ou Euro 4 (pré-2012) geralmente não trazem SCR. Se a sua frota ainda roda com esses motores, Arla 32 não é exigido — mas vale colocar a renovação no radar para ficar dentro das normas e evitar gargalos daqui para frente.
Por que é obrigatório usar Arla nos veículos pesados?
Com a crescente necessidade de um transporte mais sustentável, o Arla 32 virou peça obrigatória porque é ele quem garante que caminhões e ônibus Euro 5/Euro 6 cumpram os limites de óxidos de nitrogênio definidos pelo Proconve.
Isso foi definido para reduzir as emissões visando reduzir danos ambientais e à saúde humana e dos animais — e o Arla 32 é o responsável por essa neutralização, inclusive dentro das metas mais amplas relacionadas ao impacto ambiental da gestão de combustível.
Pode colocar só água no tanque do Arla?
Nem pensar. Água comum não contém ureia, corrói bomba e bicos do sistema SCR, faz o motor entrar em modo de potência reduzida e ainda caracteriza adulteração, passível de multa pesada e enquadramento por crime ambiental.
Qual a multa por não usar o Arla 32?
A multa por não utilizar o Arla 32 é grave, sendo isso no valor de R$195,23 (previsto no art. 230-XVIII do CTB) e retenção do veículo para regularização.
Se você atua na região de São Paulo, também pode ser multado pela Cetesb por irregularidades no uso do Arla ou fraudes ao sistema SCR — nesse caso, autuações por começam em cerca de R$1.600 e sobem conforme o porte da frota.
E, no caso de ser considerado um crime ambiental, o veículo pode ser apreendido e o responsável detido.
Qual o impacto do Arla nos custos da frota?
O Arla 32 entra na planilha de gastos como qualquer insumo de abastecimento, mas o seu peso no orçamento fica bem abaixo do diesel. A conta básica se resume a três perguntas.
1. Quanto Arla 32 o veículo consome?
A regra de bolso de montadora e campo mostra entre 3 % e 5 % do volume de diesel. Em números, se o caminhão gasta 1.000 L de diesel numa rota, ele vai precisar de 30 L a 50 L de Arla 32.
2. Qual é o rendimento e o preço por litro?
1 L de Arla atende, em média, 200 a 300 km num pesado rodoviário (variando com peso e relevo). E o preço pode variar também, entre R$2,80 a R$4,20/L em bombona ou a granel.
Lembrando que, comprar direto do distribuidor costuma ficar até 20 % mais barato do que pegar galões avulsos no posto de combustível.
3. Onde comprar e como calcular o estoque mínimo?
Você encontra combustível Arla 32 em:
- Postos que atendem linha pesada (bombonas de 20 L).
- Distribuidores a granel, que possuem melhor custo por litro se você tem pátio próprio.
- Revendas de peças diesel e frotistas cooperados.
Se a dúvida surgir na hora do abastecimento, vale lembrar o que é Arla no posto de combustível: ele não é diesel nem aditivo, mas um reagente com tanque e bico próprios — sempre separado do sistema de combustível.
E, se você for para o lado de adquirir diretamente de um distribuidor para armazenar no pátio da sua operação, é importante ter um estoque seguro e evitar a falta do produto. Para isso, faça a conta de:
- Some o diesel mensal consumido pela frota.
- Multiplique por 4 % (ou o fator real da sua telemetria).
- Adicione 10 % de margem para evitar ruptura entre entregas.
Por exemplo, se a frota consome 50.000 L de diesel por mês, precisa de 2 000 L de Arla 32. Logo, o seu estoque mínimo deve ser de 2.200 L — e o ideal é que esse controle caminhe junto com o acompanhamento geral da gestão de abastecimento de combustível.
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